“O que é isso meu amor? Venha me dizer. Isto é fundo de quintal. É pagode pra valer”. Não temos como precisar neste momento o percentual de pessoas que acabaram de ler as palavras desse sucesso de Leci Brandão e começaram a batucar, mesmo que mentalmente. Apesar de não termos dúvidas de que ele é alto. Agora, uma coisa é certa: de acordo com uma pesquisa do QuintoAndar, 83% das pessoas que buscam casas para comprar ou alugar querem um quintal para chamar de seu. E esse foi o mote para mais um vídeo da série “Histórias para Morar“, que tem como estrela da vez o sambista Martinho da Vila

Afinal de contas, o que seria do pagode carioca, estilo que surgiu na década de 1970 e revelou tantos nomes de peso para a música brasileira, se não fossem as rodas de sambistas, regadas a batuque e cerveja, nos quintais de casas do subúrbio carioca, em especial na Zona Norte do Rio de Janeiro?

“As casas tinham uma coisa em comum: um quintal grande, festivo, que transformou nossas vidas. E também a cultura de um país inteiro. Porque foi de quintal em quintal que o pagode nasceu e ganhou o Brasil. E é por isso que hoje eu agradeço à Dona Doca, ao Seu Zé da Light, à Maria, mulher do Bastião. Se eles não tivessem aberto as portas de suas casas, o pagode não existiria. E um mundo sem pagode, parceiro… A gente não gosta nem de imaginar”, brinca Martinho da Vila, no vídeo feito para o QuintoAndar. 

Confira o vídeo da campanha:

Martinho da Vila: um carioca adotado

Martinho José Ferreira é identificado com a Cidade Maravilhosa, em especial com o bairro de Vila Isabel, mas na verdade nasceu a 180Km dali, no dia 12 de fevereiro de 1938, na pequena cidade de Duas Barras, no interior do estado do Rio de Janeiro. 

A carioquice, no entanto, vem quase de berço, pois Martinho vive na cidade do Rio de Janeiro desde os quatro anos de idade. Foi criado na Serra dos Pretos Forros, uma área localizada entre os bairros de Água Santa e Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, e que separa a região dos bairros de Jacarepaguá, na Zona Oeste

“Houve um tempo em que na minha casa tinha muita gente morando junto, e muita gente sempre chegando, era uma movimentação grande, e a rotina era sempre estar com muita gente ao lado”, conta Martinho que, em um papo exclusivo com o MeuLugar, também dá sua definição de lar: 

“Um lar para chamar de seu é aquele lugar em que você gosta da sua cama, dos seus espaços, das pessoas que estão dentro da casa e para onde você tem vontade sempre de voltar”.

Samba e pagode

Martinho teve diferentes profissões, como auxiliar de químico industrial, por exemplo. E antes de enveredar pela música, chegou a optar por algum tempo pela carreira militar – foi cabo e depois sargento do Exército, onde formou-se em contabilidade na Escola de Instrução Especializada.  

Enquanto começava a colher os frutos de uma carreira de sucesso – “Casa de Bamba”, seu primeiro grande hit, explodiu na 4ª edição do Festival de MPB da TV Record, em 1968 -, Martinho da Vila foi contemporâneo e também participou do surgimento de um novo estilo que começou nos quintais das casas do subúrbio do Rio de Janeiro e rapidamente reverberou para o Brasil inteiro: o pagode.

“Se esses quintais falassem, eles contariam histórias de pessoas alegres, que iam para as casas umas das outras e participavam. E se chegasse alguém mais sério, compenetrado, falando baixo, depois de um tempo já entrava no clima e curtia igual a todo mundo”, lembra Martinho da Vila.

Filho do samba, o pagode nasceu de uma nova geração de sambistas e revelou para a música brasileira nomes como:

  • Arlindo Cruz
  • Sombrinha
  • Jorge Aragão
  • Almir Guineto
  • Zeca Pagodinho

Rodas de samba nos fundos de quintais

Além da Vila Isabel de Martinho, o estilo se espalhou pelos quintais do subúrbio carioca e teve entre seus epicentros os bairros de Ramos e Olaria.

Do meio para o final da década de 1970, a cantora Beth Carvalho já trilhava o caminho do estrelato como uma das maiores vozes da música brasileira. E acabou se tornando uma espécie de madrinha da nova geração de sambistas cariocas ao passar a frequentar assiduamente os pagodes pelo subúrbio do Rio de Janeiro. Em especial as rodas do bloco de carnavalesco Cacique de Ramos, onde nasceu outro nome seminal do novo estilo: o grupo Fundo de Quintal. 

Características do pagode

A revolução no samba, que gerou o pagode, surgiu de importantes inovações feitas na forma de tocar e nos instrumentos usados pelo grupo Fundo de Quintal, grupo composto por Bira Presidente, Ubirany e Sereno – fundadores do Cacique de Ramos – além de Jorge Aragão, Almir Guineto, Sombrinha e Neocy.

Uma das inovações começou pela introdução de três instrumentos:

  • Tantã: criado por Sereno, que substituiu o tradicional surdo de marcação do samba;
  • Repique de mão: feito por Ubirany, com a adaptação do tom de um set de bateria normal;
  • Banjo de quatro cordas: com afinação de cavaquinho, uma ideia de Almir Guineto. 

Essas mudanças acabaram trazendo um novo molho, novas harmonias e diferentes ritmos percussivos ao samba. E explodiram quando Beth Carvalho, à época já uma estrela, convidou os sambistas do Cacique de Ramos para participarem do seu LP “De pé no chão”, de 1978, que tem como faixa de abertura o seu maior sucesso: “Vou festejar”.

Casas com quintais na Zona Norte do Rio de Janeiro

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Abrir portas

O que Beth Carvalho fez pelos novos valores do samba carioca é o que Martinho da Vila considera como “abrir as portas”, algo que ele próprio também já fez com muitos artistas. E isso não significa apenas para o quintal de casa.

“Deve-se abrir portas para os amigos, mas as portas que eu mais gosto de abrir são aquelas que eu consigo proporcionar, que fazem com que as pessoas consigam chegar em lugares sonhados, onde pensavam que nunca conseguiriam chegar”, finaliza Martinho.

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